sexta-feira, 6 de março de 2009

A droga da sociedade

Sentado na calçada, mirando o infinito, as pessoas passam a minha frente, ao meu lado, desapercebidas, como se nada ocupasse aquele espaço em que estou. Talvez eu não exista, sentem o meu cheiro e viram o rosto, ou talvez seja apenas um animal.

Com a dignidade que me resta por escolhas que nunca fiz, apenas fito o horizonte. Existirá algo além? Sou eu um prisioneiro ou um foragido?

Me dou conta que todo mundo é prisioneiro e foragido.

Ei, espera um minuto, aquela criança... Aquela criança está sorrindo em minha direção. Mas não há ninguem mais aqui. Ensaio um sorriso como resposta. Talvez eu exista... Obrigado criança...

Oh não, consigo perceber o perigo, será que ninguem mais vê? Está se aproximando da criança. Tento reunir todas as forças que tenho, talvez seja o bastante para cruzar o oceano da inexistencia, me coloco de pé e utilizo todo o ar que possuo, da minha garganta um grito desesperado se faz ouvir. Cuidado... Cuidado criança com a droga da sociedade.

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