sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Os tempos mudam, e o comércio também

- Uma das melhores formas de ganhar dinheiro hoje em dia? Exportar gatos, sem dúvida.

Qual não foi a minha surpresa ao ouvir essa resposta de um amigo mais velho há 10 anos atrás quando fiz aquela pergunta. Mesmo criança, já um pouco cético e desconfiado, achei a resposta tão ridícula que caí no chão de tanto dar risada e nunca me propus a pesquisar sobre isso (Talvez um erro). O caso é, por mais ridículo que possa parecer, e nada engraçado, a resposta que chego hoje àquela mesma pergunta realizada há 10 anos atrás é: Traficar pessoas.

"Brincar" com a vida das pessoas é sem dúvida uma das atividades mais rentáveis no mundo pós-moderno (não me perguntem por que chamam assim). Em dados coletados em mais de 155 países, onde 125 são membros do protocolo contra o tráfico de pessoas, a ONU lançou no último dia 12 o relatório global sobre essa atividade, e o resultado é a confirmação do clichê de pensamento exposto por qualquer pessoa, educada ou não. Exploração sexual, trabalho escravo, crianças utilizadas em guerras, sem contar as formas indiretas de "brincadeira" como drogas e armas, fazem parte das mil e uma utilidades do produto vendido. Segundo a ONU, só na Europa Ocidental estimava-se que há 5 anos atrás o mercado de mulheres, crianças ou não, movimentava cerca de 7 bilhões de dólares por ano1. Bastante? Imagine quanto dessa atividade não é detectada e documentada.

Por mais que pensemos que tal mercado corre à margem das ruas que passamos rotineiramente, de forma inevitável como uma teoria do caos, o revoar de uma borboleta no Japão sempre causará tufões por aqui.

A indústria do tráfico se alimenta inexorávelmente de duas fontes aparentemente renováveis no nosso planeta, as desigualdades entre os diferentes mundos e o desejo inerente ao ser humano de querer melhorar sua própria condição. Além disso é um agente em potencial na manutenção e crescimento de tais fontes, e não estando no topo da cadeia econômica somos, portanto, alvos de casos como o do italiano pego no flagra com 5 crianças em um motel baiano... Estatísticas alarmantes fazem parte da nossa realidade como por exemplo: 1 a cada 3 prostitutas na Espanha é brasileira, na sua maioria traficada como mercadoria de entretenimento. Sem falar nas coisas como andam aqui na nossa própria casa (assunto pra um outro tópico).

Deitado em berço esplêndido, quem não critica? Porém, quem se importa?

Passeando com os amigos, se por acaso veres algum anúncio na rua sobre venda de pessoas, não se supreenda, talvez até tenham diferenciação de preço por nacionalidade ou cor, seria a globalização?
Talvez exportar gatos já não pareça tão ridículo assim.

(1) "Trafficking of women and children in south east Asia", UN Chronicle online, issue 2, 2003. 5 US Departament of State, Trafficking in Persons Report, 2003.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Começando pelo inicio

Como indicado na descrição da página e explicando melhor o conteúdo que será escrito, os ensaios de liberdade são muito mais que junções de palavras aleatórias ou expressões de efeito, mais do que pensamentos egocêntricos ou guias informativos. Não são diários, ou mesmo cantos agonizantes de uma alma solitária como alguns blogs gostam de se idealizar por aí. São apenas sonhos pintados em quadros transparentes, artigos que expressam pensamentos sobre o cotidiano, talvez igual, talvez diferentes da sua experiência própria, só o tempo e as discussões irão dizer, porém inevitavelmente escrito com o toque da minha singularidade natural, e interpretado com o braço forte do teu ângulo de visão do mundo, resumindo, um aprendizado mútuo.
Desbravando o óbvio podemos enxergar melhor a nossa própria ignorância (E quem que quer isso?), alcançando tal objetivo estaremos mais abertos para o conhecimento sem pré-conceitos, apenas conhecimento. (Resposta: A pergunta correta é - Quem tem coragem pra isso?) ;D